A “última ceia woke” da abertura das Olimpíadas de Paris é apenas a ponta do iceberg
A cerimônia estava repleta de simbolismo, e o recado foi claríssimo. Estejamos preparados, pois a cadeia de eventos está apenas começando.
No último dia 28 de julho o mundo assistiu, consternado, à abertura dos jogos olímpicos de Paris. Para muitos — sobretudo os Cristãos — foi um choque, um escândalo: a glorificação do bizarro, do grotesco. Não somente pelo escárnio para com o que um dia foi a cultura francesa, mas sobretudo pela paródia da Última Ceia, onde Jesus e os Apóstolos foram representados por travestis e drag queens (exceto um deles, como veremos a seguir).
Dentro do conjunto de espectadores que se sentiram ultrajados e chocados, podemos identificar dois grupos: de um lado, os que foram pegos de surpresa, pois não esperavam nada daquilo e se sentiram traídos e magoados; do outro lado um outro grupo que, talvez mais bem informado sobre o que está em curso nos porões do velho continente, já esperava que as coisas iriam nessa direção. Sim, este segundo grupo se sentiu tão ultrajado e chocado quanto o primeiro — mas certamente menos surpreso.
A razão é simples: um olhar mais aprofundado é capaz de ver as forças que, a um bom tempo, têm operado dentro da cultura Ocidental para destruí-la a partir de dentro. O que vimos na abertura das Olimpíadas de Paris é apenas a ponta do iceberg — é um fragmento de algo muito maior.
As cenas estavam repletas de símbolos e referências bíblicas, explícitas ou subliminares, e o recado foi dado em alto e bom tom. Para entendê-lo, será útil repassar os elementos mais significativos do espetáculo:
1) O Touro de Ouro
Já no início do espetáculo, no centro do palco se encontrava a imponente estátua de um touro de ouro. Surge a pergunta: o que esse enorme touro de metal estava fazendo ali?
Esta estátua representa o deus Baal, o mais importante “deus” dos povos do antigo Oriente, simbolizado por um touro. Ele é também o mais frequente inimigo de Deus na Bíblia — por exemplo, ele é o famoso “bezerro de ouro”, fabricado pelos israelitas no Monte Sinai como um substituto para Deus1 .
Os três princípios básicos do culto a Baal são o sacrifício de crianças, a imoralidade sexual e a busca por segurança no poder e dinheiro (materialismo).
Não por acaso, estes são exatamente os três pilares da ideologia woke (sobretudo os dois primeiros). Não é de estranhar que os agentes da nova ordem mundial estão tornando este símbolo cada vez mais presente nos grandes eventos internacionais: eventos políticos, econômicos e esportivos (ver, por exemplo, a assustadora abertura dos jogos europeus de 2022, na Inglaterra).
2) O cavaleiro desconhecido, que surge como guia das nações
Em seguida o espetáculo apresenta um misterioso cavaleiro encapuzado, seu rosto imerso no escuro, montando um majestoso cavalo branco. A referência ao Primeiro Cavaleiro do Apocalipse é evidente. Na Bíblia, este misterioso cavaleiro simboliza o falso messias, o Anticristo.
“Vi então aparecer um cavalo branco. Deram-lhe uma coroa e ele partiu, vencedor e para vencer ainda” — Ap 6, 2
Logo adiante, veremos o cavaleiro liderando uma grande procissão: todas as nações, portando suas bandeiras, seguem o cavaleiro desconhecido.
“Toda a terra ficou maravilhada e seguiu a besta” (Ap 13, 3)
Porque a “cavaleira misteriosa” não pode ser Santa Joana d’Arc?
Alguns pensaram que a figura montada no cavalo branco simbolizaria Joana d’Arc, a grande paladina da França. Mas essa interpretação não é correta, por três motivos:
Primeiro, porque não faz nenhum sentido representá-la como uma sombria figura sem rosto. Segundo porque, no início da cena, o cavaleiro é apresentado como que portando asas de anjo, o que não tem relação com a figura da santa. Terceiro e mais importante: porque os valores e virtudes pelos quais Santa Joana d’Arc deu sua vida representam exatamente aquilo que os mentores deste evento querem eliminar: a defesa apaixonada da soberania de Deus, a missão divina do Reino da França, e as virtudes da pureza e da justiça.
3) A comemoração do assassinato da Família Real da França
Agora os espectadores são transportados para o Palácio de Versalhes, e apresentados a uma cena que, provavelmente, é a mais macabra e chocante da história dos jogos olímpicos modernos: a decapitação de Marie Antoinette Jeanne de Habsbourg-Lorraine, a Rainha Maria Antonieta, a última sobrevivente da família real francesa a ser guilhotinada pela “révolution”.
Este acontecimento marca a transição da França Católica para a França anti-católica. Aplaudindo de modo tão frívolo este evento trágico, a elite política francesa e o comitê organizador das Olimpíadas estão, no fundo, expressando seu desprezo pelo imenso patrimônio cultural e espiritual da França, bem como seu desdém pelas dezenas de milhares de mártires cristãos que foram guilhotinados pela revolução francesa por defender a Fé2.

3) A paródia da Última Ceia do Senhor
E agora chegamos ao “ponto alto” do espetáculo: a paródia da Última Ceia, a partir da pintura de Leonardo da Vinci.
Jesus e seus Apóstolos foram representados por travestis e drag queens, ardendo de desejo e luxúria uns pelos outros.
Mas, surpreendentemente, um dos Apóstolos não era uma drag queen, mas uma criança, símbolo da inocência. Este Apóstolo era Judas, o traidor.
Em determinado momento, entra em cena Dionísio, o deus grego do vinho, da festa, da loucura e do sexo. No panteão romano, este Deus se chama Baco (daí a palavra “bacanal”, designando a forma como os ritos dionísicos terminavam). Na “última ceia” da abertura olímpica, é o próprio Dionísio — e não Cristo — que é servido como o prato principal, cuja “refeição” consiste em uma orgia (bacanal).
Sabemos que a Última Ceia não é apenas a última refeição de Jesus com seus discípulos, antes de entregar-se à morte. Ela é a instituição da Eucaristia, o sacramento do seu corpo e do seu sangue para a vida do mundo, um sacrifício de amor e de perdão. O sacramento mais sublime da Fé Católica.
Somente os Cristãos foram insultados por esta encenação?
Não, a indignação veio também dos muçulmanos — e com força. Pois Jesus é uma figura sagrada também do Islã3. Houve diversas manifestações de repúdio da parte de instituições importantes, como por exemplo a Universidade de Al-Azhar, uma das principais instituições do mundo islâmico sunita4. Também o Aiatolá Ali Khamenei do Irã, o maior líder do islamismo xiita, condenou veementemente o espetáculo5.
Qual seria, afinal, o recado deste bizarro espetáculo?
Os senhores da nova ordem mundial, através de seus vassalos (neste caso, o governo francês e o comitê olímpico internacional) quiseram deixar bem claro para todo o mundo que, na “nova sociedade” que eles estão generosamente criando para nós, seus súditos, não haverá lugar nem para Deus nem para a Fé Cristã.
Segundo eles, a era da Cristandade passou, deixando atrás de si um rastro de opressão, intolerância e preconceito — sobretudo contra as hoje chamadas “minorias”. Chegou, finalmente, a hora de abandonar esse Deus injusto e machista, para abraçar aquele que é — esse sim — o verdadeiro benfeitor da humanidade desde o princípio: Lúcifer, o Anjo de Luz. É preciso devolver-lhe o lugar de honra na nova sociedade global que está surgindo; é preciso que ele volte a ser cultuado nos seus antigos ritos pagãos (a imoralidade, a metamorfose de gênero, o sacrifício de bebês [aborto], a adoração ao bezerro de ouro, etc.), com os quais eles estão formando as mentes e corações da nova geração, através da mídia, das escolas, do cinema, e dos eventos esportivos internacionais, agora atualizados com tecnologias maravilhosas.
Sim, caríssimos irmãos: estamos vendo a profecia de Apocalipse 13 se descortinando diante dos nossos olhos:
“Cheia de admiração, a terra inteira adorou a Besta dizendo: “Quem é comparável à Besta, e quem pode lutar contra ela?” Ela abriu então sua boca em blasfêmias contra Deus, blasfemando contra seu nome, seu santuário e os que habitam no céu. Foi-lhe dada permissão para guerrear contra os santos e vencê-los; e foi-lhe dada autoridade sobre toda tribo, povo, língua e nação (…)
Adoraram-na, então, todos os habitantes da terra cujo nome não está escrito desde a fundação do mundo no livro da vida do Cordeiro imolado”
Isso não significa, evidentemente, que o governo francês ou o Comitê olímpico internacional — ou mesmo a elite globalista — sejam, eles mesmos, o Anticristo. Eles estão apenas pavimentando o caminho.
Êxodo 32, 8: “(Os israelitas) depressa se desviaram do caminho que Deus lhes tinha ordenado; eles fizeram para si um bezerro de ouro, e perante ele se inclinaram e o adoraram, dizendo: Este é o teu deus, ó Israel, que te tirou da terra do Egito.”
Somente na região da Vendée (Vendéia), terra de S. Luis Maria de Montfort, foram mortos mais de cem mil católicos, na chamada “guerra da Vendéia”. Em 1984 o papa João Paulo II beatificou oitenta e quatro deles, por sua fidelidade heróica à Fé. Ver a linda homilia de João Paulo II aos jovens em peregrinação ao túmulo de São Luis Maria de Montfort (1996).
O Islã considera Jesus um grande profeta — de fato, um dos cinco maiores profetas do islamismo, chamados "Ulul Azim”, ou “profetas da determinação”. São eles: Noé, Abraão, Moisés, Jesus e Muhammad (Maomé, o fundador do islamismo).
Ver “Al-Azhar: paródia blasfema da Última Ceia nas Olimpíadas de 2024 ‘normaliza o insulto’ à religião” (Em inglês. Fizemos uma tradução para o português).
Palavras de Ali Khamenei: “O respeito por Jesus Cristo é um assunto indiscutível, definitivo para muçulmanos (…). Condenamos estes insultos dirigidos a figuras sagradas de religiões divinas, incluindo Jesus Cristo”.
O Jonathan Pageau gravou um vídeo - até light demais, eu achei - falando brevemente sobre o simbolismo desse ritual satânico, e fica bem evidente a paródia: enquanto a Eucaristia é a união e unidade de todos em Cristo, o bacanal, com os travestis e a destruição da inocência de uma criança, seria a total dissipação, e a busca da unidade na destruição - "faz o que tu queres, há de ser tudo da Lei".
Além disso, salvo engano o santo padroeiro de Paris até hoje é São Dionísio Areopagita - se não for, ao menos Paris é o território do seu martírio -, e o martírio também se deu por decapitação. Um grande amigo me chamou a atenção para o mito grego de Dionísio, que possui não só o aspecto de bacanal, mas também um de sacrifício criador: Dionísio, filho inocente de Zeus, foi morto injustamente pelos titãs e teve sua carne comida por eles em um banquete. Zeus, quando descobre, fulmina a todos, e das cinzas é feito o homem, uma mistura da natureza titânica e da natureza dionisíaca pura.
Esse mito de Dionísio mostra outra intenção do rito satânico, de parodiar a recriação do mundo realizada no sacrifício da Cruz, mostrando ela agora sendo feita não com sacrifício, mas com total devassidão; não com concentração, no centro da Cruz, no Eixo do mundo, mas dissipação completa.
A dissipação e dissolução ainda me lembrou uma questão que tem surgido cada vez mais nos meios intelectuais cristãos, que é a do universalismo. Em último aspecto, o universalismo irrestrito sempre vira satanismo, não há como a aceitação da "salvação" do que é totalmente dissoluto não se tornar, eventualmente, no culto dessa dissolução. Isso não é senão a "via da mão esquerda", e lembra, além do satanismo woke, a idéia de realização espiritual que "liberte o homem de si mesmo", "dissolva o homem no Absoluto", etc.
Tempos difíceis em que vivemos. Góspodi pomiljui.
Ontem fizemos um programa na Gazeta do Povo sobre o assunto:
https://www.youtube.com/live/EOr_0dE_Klg